quinta-feira, 29 de abril de 2010

Dossiê Brooklyn 1: Battles

Demoreeeeeei horrores pra finalmente botar essa seção Dossiê Brooklyn para funcionar, mas esse atraso se deve ao fato de que, desde o início, tinha em mente que o primeiro post deveria ser sobre o Battles - que é, na minha opinião, a banda mais surpreendente dessa cena.

Formada em 2003, até agora o Battles lançou apenas um EP e um álbum, o excelente Mirrored. Em vários lugares a banda aparece sob o rótulo "math rock", o que até poderia ser mais uma das várias baboseiras da imprensa musical, mas a ideia de que talvez a banda utilize deliberadamente a matemática em suas composições não é absurda: o frontman Tyondai Braxton tem formação musical sólida, além de ser filho de um compositor de vanguarda chamado Anthony Braxton.

Somando isso ao fato do disco se chamar Mirrored e da primeira faixa se chamar Race: In e a última, Race: Out, entrei numas de tentar descobrir se as faixas do disco se relacionam de maneira espelhada (a primeira se refletindo na última, a segunda se refletindo na penúltima e assim por diante) - seja por meio de temas, do compasso utilizado, do clima, enfim. E a Internet não me ajudou muito nessa hora, porque além de eu não encontrar partituras das músicas, não achei nenhuma entrevista abordando as técnicas de composição que a banda utiliza - ê, jornalismo musical capenga. Enfim, o resultado foi que eu queimei meus já parcos neurônios e nada.

Mas, apesar de não ter feito nenhuma grande descoberta, acredito que ainda seja possível falar algumas coisinhas sobre o Battles e, mais especificamente, o disco Mirrored.

De maneira geral, o grande trunfo da banda e do disco é a rítmica. Instrumentistas excelentes (mas não virtuoses, ainda bem), os integrantes do Battles trabalham com compassos e polirritmias com as quais 99% das bandas de rock não poderia nem sonhar em explorar. Estranhamente, a faixa de Mirrored que se tornou mais conhecida foi Atlas, justamente uma das menos complexas em termos rítmicos:



Mas a habilidade do Battles quando o assunto é ritmo se revela mesmo nas faixas Race: In, Rainbow, Snare Hanger, Tij e na excepcional Ddiamondd, para mim a melhor do disco - e, sinceramente, uma das músicas mais instigantes que já ouvi na vida. E talvez a própria banda a considere a mais importante do álbum, já que é ela que trata diretamente do tema "espelhos", a começar pelo título (os Ds que se repetem no início e no fim). A letra da música é um negócio tão maluco (embora não seja nada nonsense) que no fim o eu lírico já está se perguntando se ele próprio não é um diamante. Fora a velocidade com que é cantada - queria saber quanto tempo o vocalista teve que treinar pra conseguir dar conta do recado...

Curiosidade: foi por meio de Ddiamondd que conheci o Battles. Isso aconteceu alguns anos atrás, quando o blog Trabalho Sujo publicou um mashup bizarro feito com essa música e um clipe do É o Tchan:

2 comentários:

canhoto disse...

Opa, bão? Putz, adoro Battles e odeio matemática, prefiro não achar essas coisas neles.

Curti seu blog bagaraio. Temos um gosto musical parecido - às vezes, pelo menos.

Depois dá uma passada no http://canhotagem.blogspot.com/ , de repente você agrada de algo por ali.

Abraço,
Jão

Diogo disse...

Bom blog.