sexta-feira, 8 de julho de 2011

Dreamsludge


Quem bate o olho numa foto do duo Nadja provavelmente vai pensar se tratar de alguma coisa com "indie" e "hype" no meio - até porque a moça parece saída diretamente do clipe da Banda Mais Picareta, quer dizer, Mais Bonita da Cidade. Levando em conta que eles são conterrâneos da Celine Dion e do Bryan Adams, o desejo de sair correndo é quase inevitável.
Felizmente, meu primeiro contato com a banda não foi por meio de fotos e sim da própria música, que é uma das coisas mais impressionantes que ouvi nos últimos tempos.

Imagine o My Bloody Valentine, com suas camadas de guitarras distorcidas criando uma atmosfera etérea. Agora aumente o volume das guitarras, eleve o ruído branco à décima potência, adicione uma boa dose de peso e troque as canções de 4 minutos por viagens quase free-jazzísticas de 15, 20, 30, 40 minutos. Tudo lento, muuuito lento. O resultado é um negócio tão absurdo que os jornalistas musicais vêm criando rótulos os mais bizarros para tentar classificar o Nadja: shoegazer metal, ambient doom, ambient drone e um que não quer dizer muita coisa, mas tem uma sonoridade bacana: dreamsludge.

Também chama a atenção a própria formação da banda, que conta apenas com o mentor, guitarrista e eventualmente vocalista Aidan Baker e com a baixista Leah Buckareff. Para completar o som cheio de camadas e detalhes, eles contam com uma drum machine (que, aliás, considero o único ponto fraco) e com uma série de traquitanas eletrônicas. O vídeo abaixo, tirado de um show, mostra bem como tudo funciona:



Mas o aspecto que mais me surpreende no Nadja é a união entre agressividade e delicadeza, já que as músicas alternam distorções carregadíssimas, blasts de fazer cair da cadeira e torrentes de ruído branco com momentos de tranquilidade e minimalismo, em que Aidan conduz uma cuidadosa exploração de timbres.

O site do grupo tem links para discos em streamming (Radiance of Shadows, Touched, Truth Becomes Death) e no Free Music Archive é possível baixar o áudio de dois shows. Altamente recomendado.

Update: no bandcamp dá pra ouvir mais uma caralhada de discos do Nadja, além de solos do Aidan Baker e projetos paralelos.

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