sábado, 25 de fevereiro de 2012

Mês John Zorn: PainKiller


Além da improvisação (quase) livre, das trilhas sonoras, do klezmer e das composições em blocos, John Zorn também se aventurou pelo terreno do metal e do grindcore. Do Naked City eu já falei algumas vezes aqui no blog, então hoje vamos de PainKiller.

Enquanto o Naked City misturava diversas outras influências e se tratava de jazzistas explorando um território desconhecido (e tirando um pouco de sarro do negócio), o PainKiller é the real deal, mais cru e menos virtuose. Essa pegada diferente deve muito ao fato da banda ter na formação o baterista Mick Harris, do Napalm Death, além de Zorn e do baixista Bill Laswell (que tinha tocado com Peter Brötzmann no Last Exit, banda que tocava free jazz com a agressividade do metal).

Mas não se engane pensando que o PainKiller é metal em estado bruto, afinal, nada que John Zorn faz pode ser rotulado com tanta precisão - e como ser 100% metal trocando guitarra por sax alto, não é mesmo?



O Painkiller lançou dois EPs em 1991/1992. Em 1994 veio o disco duplo Execution Ground e aí a coisa complicou legal, já que o elemento "dub" entrou na jogada. Parece estranho, mas na época Mick Harris era bem ligado no gênero e Laswell já tinha inclusive tocado com artistas de dub. O resultado é um negócio maluco, mistura de tijolada na testa com viagem de haxixe.

Se pensarmos em metal/grindcore e em dub na sua forma mais, digamos, pura, eles são quase que a antítese um do outro. De um lado, uma música agressiva, enérgica, com ritmo marcado e praticamente sem efeitos - para um artista de metal/grindcore, o registro em estúdio deve simplesmente retratar o que a banda é ao vivo, e os fãs querem ouvir ao vivo exatamente aquilo que ouvem no disco. Já o dub é ligado ao lado espiritual, uma música lenta, em que o ritmo se desfaz, os sons parecem suspensos em uma névoa e os efeitos são condição si ne qua non - para o artista de dub, o estúdio é onde a composição acontece. Imagine a então a encrenca que é misturar esses dois mundos musicais tão diversos.

Para ouvir a belezinha completa, baixe o disco 1 aqui e o disco 2 aqui.



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