terça-feira, 12 de julho de 2011

440Hz: Especial dia do róqui

Para comemorar tão ilustre data, o 440Hz de julho vai ao ar algumas semaninhas antes do usual, trazendo uma seleção de crássicos com arranjos de gosto duvidoso, interpretações um tanto infelizes e letras capazes de ruborizar uma criança de 9 anos - mas que a gente adora mesmo assim:

Highway Star - Deep Purple

A canção traz uma mensagem profunda à juventude, que pode ser resumida da seguinte forma: Eu tenho um carrão, vou sair com ele feito um louco pela estrada para mostrar para todos (e especialmente para a gatinha que está no banco do passageiro) que sou fodão. À propósito: ninguém vai roubar minha cabeça, eu tenho velocidade dentro do meu cérebro. Fuck yeah!



Shook me all night long - AC/DC

Para entoar ode de amor tão visceral, nada melhor do que a voz de gato estripado do Brian Johnson. A canção segue a escola Ian Gillian de poesia (com alguns toques de sensualidade tipicamente australiana) e ensinou às mulheres a importância de manter o motor limpo.



Rainbow in the dark - Dio

O grande feito dessa canção é gerar em poucos minutos uma fobia de teclados que acompanhará o ouvinte pelo resto da vida. Além disso, por mais que connoisseurs defendam a técnica do Dio, estou convencida de que ele é o pai espiritual de todos os vocalistas castrati que assolam o metal.



Jethro Tull - Aqualung

Imposível não ter sentimentos contraditórios quando o assunto é Jethro Tull: sim, é meio brega e a flautinha do Ian Anderson tem um quê de "melodias para assobiar com duendes", mas pô... ouve o riff dessa música!!! Por isso, até hoje não sei o que pensar da banda - e também não sei o que equipamento de mergulho tem a ver com um mendigo pedófilo.



Joan Jett and The Blackhearts - I love rock'n'roll

A ex-The Runnaways Joan Jett compôs uma música sobre como ela ama o gênero musical da música que compôs e assim garantiu uma fonte de renda eterna, visto que I love rock'n'roll é executada uma média de 7649573540 vezes por rádios do mundo todo em 13 de julho.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Na fossa com os freaks

Cosey Fanni Tutti namorava Genesis P-Orridge, com quem tinha a banda Throbbing Gristle. Aí Cosey deu um pé no Genesis e começou a pegar o Chris Carter, também da banda. Genesis ficou tristinho e compôs uma música. Até aí a história se parece com o triângulo amoroso que rolou no Fleetwood Mac - a diferença é que, enquanto o cornudo do Fleetwood Mac compôs a baladinha mala Dreams, Genesis criou a música de fossa mais bizarra de todos os tempos, Weeping:



Aliás, toda a história do TG é pautada por coisas, digamos, pouco convencionais, como o fato de terem começado como um grupo de arte performática chamado COUM Transmissions, cujos happenings envolviam coisas do tipo injetar leite no rabo; e o fato de hoje Genesis P-Orridge ostentar um vistoso par de tetas. E estes são só alguns exemplos. Vale dar uma fuçada no Google sobre a banda - e ouvir os discos, que são foda em todos os sentidos possíveis para a palavra "foda" (desculpe aí a profusão de palavrões em um post tão pequenino).

ps: a analogia entre as bandas foi chupinhada do livro Rip it up and start again, do Simon Reynolds.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Dreamsludge


Quem bate o olho numa foto do duo Nadja provavelmente vai pensar se tratar de alguma coisa com "indie" e "hype" no meio - até porque a moça parece saída diretamente do clipe da Banda Mais Picareta, quer dizer, Mais Bonita da Cidade. Levando em conta que eles são conterrâneos da Celine Dion e do Bryan Adams, o desejo de sair correndo é quase inevitável.
Felizmente, meu primeiro contato com a banda não foi por meio de fotos e sim da própria música, que é uma das coisas mais impressionantes que ouvi nos últimos tempos.

Imagine o My Bloody Valentine, com suas camadas de guitarras distorcidas criando uma atmosfera etérea. Agora aumente o volume das guitarras, eleve o ruído branco à décima potência, adicione uma boa dose de peso e troque as canções de 4 minutos por viagens quase free-jazzísticas de 15, 20, 30, 40 minutos. Tudo lento, muuuito lento. O resultado é um negócio tão absurdo que os jornalistas musicais vêm criando rótulos os mais bizarros para tentar classificar o Nadja: shoegazer metal, ambient doom, ambient drone e um que não quer dizer muita coisa, mas tem uma sonoridade bacana: dreamsludge.

Também chama a atenção a própria formação da banda, que conta apenas com o mentor, guitarrista e eventualmente vocalista Aidan Baker e com a baixista Leah Buckareff. Para completar o som cheio de camadas e detalhes, eles contam com uma drum machine (que, aliás, considero o único ponto fraco) e com uma série de traquitanas eletrônicas. O vídeo abaixo, tirado de um show, mostra bem como tudo funciona:



Mas o aspecto que mais me surpreende no Nadja é a união entre agressividade e delicadeza, já que as músicas alternam distorções carregadíssimas, blasts de fazer cair da cadeira e torrentes de ruído branco com momentos de tranquilidade e minimalismo, em que Aidan conduz uma cuidadosa exploração de timbres.

O site do grupo tem links para discos em streamming (Radiance of Shadows, Touched, Truth Becomes Death) e no Free Music Archive é possível baixar o áudio de dois shows. Altamente recomendado.

Update: no bandcamp dá pra ouvir mais uma caralhada de discos do Nadja, além de solos do Aidan Baker e projetos paralelos.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

3º Aniversário

Ilustração: Vberkvlt

Aconteceu há três anos. Não lembro se a ideia me veio quando eu estava entediada no chatíssimo estágio que fazia, ou durante alguma aula picareta na faculdade, ou quando estava no banheiro... o fato é que em algum momento decidi criar um blog para falar sobre aquilo que mais me interessa na música: barulho, experimentações e esquisitices em geral. Foi assim que o Destruindo Pianos veio ao mundo. Três anos depois, o brógui continua com o mesmo espírito de então: sem seguir o hype, sem preocupação com atualizações constantes, sem marketing em redes sociais e praticamente sem acessos. Autista e feliz.

Para comemorar tal data, o Destruindo Pianos vai assoprar não três velinhas e sim três velas pretas de sétimo dia - porque a playlist especial de aniversário tá toda trabalhada no metal avant-garde, minha paixão atual. Lembrando que isso não é um best of e sim uma pequena compilação do que eu tenho ouvido. Ishpia:

01 - Helmet: Sinatra
02 - Godflesh: Head Dirt
03 - Anaal Nathrakh feat. Attila Csihar: Regression to the Mean
04 - Mayhem: A Wise Birthgiver
05 - Menace Ruine: Nothing Above or Below
06 - Khanate: Wings from Spine
07 - Sunn O))): CandleGoat
08 - Gnaw Their Tongues: All the Dread Magnificence of Perversity
09 - Nadja: Stays Demons
10 - Swans: The Sound

Pra baixar, só clicar aqui.