terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Mês John Zorn: participação no disco novo do Napalm Death

Saindo quentinho do forno headbanger:



Na verdade, fiquei meio desapontada. Achei que o Zorn fosse participar de várias faixas do Utilitarian - e mesmo nessa única música o sax ficou meio tímido. Mas tá valendo...


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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Mês John Zorn: PainKiller


Além da improvisação (quase) livre, das trilhas sonoras, do klezmer e das composições em blocos, John Zorn também se aventurou pelo terreno do metal e do grindcore. Do Naked City eu já falei algumas vezes aqui no blog, então hoje vamos de PainKiller.

Enquanto o Naked City misturava diversas outras influências e se tratava de jazzistas explorando um território desconhecido (e tirando um pouco de sarro do negócio), o PainKiller é the real deal, mais cru e menos virtuose. Essa pegada diferente deve muito ao fato da banda ter na formação o baterista Mick Harris, do Napalm Death, além de Zorn e do baixista Bill Laswell (que tinha tocado com Peter Brötzmann no Last Exit, banda que tocava free jazz com a agressividade do metal).

Mas não se engane pensando que o PainKiller é metal em estado bruto, afinal, nada que John Zorn faz pode ser rotulado com tanta precisão - e como ser 100% metal trocando guitarra por sax alto, não é mesmo?



O Painkiller lançou dois EPs em 1991/1992. Em 1994 veio o disco duplo Execution Ground e aí a coisa complicou legal, já que o elemento "dub" entrou na jogada. Parece estranho, mas na época Mick Harris era bem ligado no gênero e Laswell já tinha inclusive tocado com artistas de dub. O resultado é um negócio maluco, mistura de tijolada na testa com viagem de haxixe.

Se pensarmos em metal/grindcore e em dub na sua forma mais, digamos, pura, eles são quase que a antítese um do outro. De um lado, uma música agressiva, enérgica, com ritmo marcado e praticamente sem efeitos - para um artista de metal/grindcore, o registro em estúdio deve simplesmente retratar o que a banda é ao vivo, e os fãs querem ouvir ao vivo exatamente aquilo que ouvem no disco. Já o dub é ligado ao lado espiritual, uma música lenta, em que o ritmo se desfaz, os sons parecem suspensos em uma névoa e os efeitos são condição si ne qua non - para o artista de dub, o estúdio é onde a composição acontece. Imagine a então a encrenca que é misturar esses dois mundos musicais tão diversos.

Para ouvir a belezinha completa, baixe o disco 1 aqui e o disco 2 aqui.



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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Mês John Zorn: "A Bookshelf on Top of the Sky: 12 Stories About John Zorn"

O documentário de Claudia Heuermann mostra diversas facetas musicais de Zorn: Naked City, Masada, game pieces, peças orquestrais... É um filme legal, mas um pouco confuso por se tratar, na verdade, de um meta-documentário (que também inclui umas boas doses de encenação). Além disso, uma hora a diretora diz que nunca conseguiu entrevistar o John Zorn, mas o filme todo traz trechos de entrevistas em que ele fala sobre seu processo composicional, suas visões sobre música e como entrevistas podem ser ciladas. É, eu também fiquei com um ponto de interrogação gigante pairando sobre a minha cabeça.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Mês John Zorn: "Locus Solus"

As faixas deste disco, de 1983, foram se encaixam na categoria "game pieces". São peças que Zorn criou como uma sequência de regras nas quais os músicos devem se basear para improvisar. Ouvindo não dá para ter a menor ideia de quais sejam essas regras, mas o resultado é fodido - ainda mais porque, em "Locus Solus" ele se juntou com uma galera de respeito, como Christian Marclay, Arto Lindsay, Ikue Mori e um outro turntablist chamado de Whiz Kid, do qual eu nunca tinha ouvido falar, mas que participa de algumas das melhores faixas do disco.

Todas as peças são curtas (em torno de 2 minutos) e foram gravadas por trios (John Zorn & dois outros intérpretes). Separei uma faixa de cada formação para dar uma ideia da encrenca linda que é este disco.

& Christian Marclay (turntable) e Peter Blegvad (vocal):




& Arto Lindsay (guitarra e vocal) e M. E. Miller (bateria):




& Ikue Mori (eletrônica) e Wayne Horvitz (teclados):




& Whiz Kid (turntable) e M. E. Miller (bateria):




Aproveite e dê uma fuçada no canal do Youtube onde peguei esses vídeos, porque tem vários discos foda ali.



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sábado, 18 de fevereiro de 2012

Dave Phillips: trailler do documentário

Quando o noisêro suíço Dave Phillips veio ao Brasil em outubro do ano passado, para uma tour insana de mais de dez dias, um pessoal acompanhou todos os seus passos para fazer um documentário. O filme ainda não está pronto, mas já saiu um trailler - que por sinal está muito crasse, olha só:

recorte dp from A! on Vimeo.



E a quem interessar possa, eu também aproveitei a vinda do Phillips pra conversar sobre barulho e ativismo. Para ler a entrevista, clique aqui.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Mês John Zorn: Masada ao vivo

Como muitos já devem saber, no dia 17 de março John Zorn vem dar um alô aqui em São Paulo com o Masada, grupo que faz música inspirada na tradição judaica. Como o cara é uma verdadeira máquina de compor/tocar/produzir/gravar/fazer shows, vou passar esse mês todo postando músicas e vídeos do/ sobre o moço.

Para começar, um show completo do Masada - na real, a banda tem algumas formações diferentes e eu não sei qual delas vem dar as caras no Brasil, mas já dá pra ter um gostinho do clima Hava Naguila (sem Hava Naguila) do negócio:

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Precisamos falar sobre o Jonny Greenwood

Hoje assisti ao filme "Precisamos falar sobre o Kevin", de Lynne Ramsay, e posso dizer que foi uma das coisas mais perturbadoras que já vi numa telona. Mas não estou aqui para falar do longa em geral (afinal, isso aqui não é blog de cinema), e sim da trilha sonora, que também contribui muito para construir o efeito de bad vibe elevada à centésima potência.

O filme utiliza canções dos anos 60, como Everyday e In my room, e blues/coutries antigões, cujo ar inocente ao mesmo tempo contrasta e alimenta as imagens de pesadelo que vão se sucedendo na tela. E também há a trilha sonora original, que funciona como tradução sonora do estado de espírito da mãe interpretada (magistralmente) por Tilda Swinton, desesperado porém contido, resignado. Quando cheguei em casa e fui pesquisar mais sobre o filme, descobri que quem compôs a trilha original foi meu queridíssimo Jonny Greenwood, guitarrista do Radiohead.

Deixe aqui dois vídeos, um com a múisca dos créditos e outro com os sete minutos iniciais de "Precisamos falar sobre o Kevin" - neste dá para perceber bem como a música de Greenwood ajuda a constuir a sensação claustrofóbica, de horror, do filme: