domingo, 6 de novembro de 2011

Plunderphonics

Plunder =roubar
Phonic = relativo a som

No mundo da música tradicional, um compositor cria uma obra e então registra em uma gravação.
No mundo do plunderphonics, um compositor (neste caso, também chamado de "pirata", "ladrão", "aproveitador" e "bandido") usa uma gravação já existente para criar uma nova obra. Encaixam-se nessa categoria o sampling, o mash-up, o turntablism, o remix, as experiências com rádios, gramofones e fitas magnéticas dos músicos concretos e de John Cage.

Além de desafiar a poderosa (não por muito tempo...) indústria do copyright, a prática do plunderphonics coloca em xeque as noções de originalidade e individualidade, tão caras à música ocidental, mistura os mundos da high art e low art até o ponto em que essas definições deixam de fazer qualquer sentido, e transforma equipamentos que reproduzem som em instrumentos que produzem som.

As primeiras experiências apareceram no terreno da música de vanguarda/eletroacústica, mas ainda tinham um elemento de acaso, não eram tão auto-conscientes - por exemplo, em Imaginary Landscapes nº 4, Cage botou sobre o palco vários rádios em estações aleatórias.

O primeiro exemplo de "roubo sonoro" deliberado foi feito por James Tenney em 1961 com a gravação de Blue Suede Shoes, do Elvis. O resultado final é a peça Colage #1, que faz referência à original - é possível reconhecer o som do Elvis em alguns momentos - ao mesmo tempo em que é algo totalmente diferente:



Outro crássico do gênero é a gravação de Pretender, da Dolly Parton, manipulada por John Oswald.



Em 1989, Oswald juntou todos os seus trabalhos em um CD sabiamente intitulado Plunderphonics. Mas o seu Michael Jackson - que estava ali no meio dos sons roubados - se sentiu errr... roubado e moveu, junto com sua gravadora, um mega processo que resultou na absurda decisão judicial que obrigou Oswald a destruir todos os CDs que ainda não haviam sido distribuídos. Mas em 2002, ele lançou de novo o disco - e aí o MJ já estava mais preocupado em provar que ele próprio não era criminoso.

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