quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Algumas palavrinhas sobre Karkowski




Já faz alguns anos que me interesso por criar uma música que pode ser apreciada por seres sem nenhum conhecimento cultural, música que pode ser chamada de primordial, arquetípica ou ritual, no sentido de ritual como evolução do indivíduo através do tempo e do espaço sagrados. Música direcionada não ao intelecto, mas a todos os sentidos, música cuja única função seja a integração total dessas energias e forças sagradas que existem latentes dentro de todos nós (Zbigniew Karkowski)

Como o intuito deste blog não é desfiar conhecimento e sim compartilhar as descobertas musicais que vou fazendo, me sinto à vontade pra fazer um post sobre o artista de noise polonês Zbigniew Karkowski. Entrei em contato com a obra dele há mais ou menos um mês e ouvi pouquíssima coisa (sabe essa história de que na internet tudo está à distância de um clique? Então, é furada), mas gostei muito desse tiquinho que ouvi e também fiquei bem interessada pela abordagem que ele tem da música.

A história resumida é a seguinte: o cara estudou música na universidade e lá percebeu que os compositores da tal música erudita contemporânea criavam suas obras fazendo referências a obras de outros compositores (seja para negar radicalmente o que fora feito antes, seja para homenagear), criando uma situação em que o ouvinte só consegue apreciar e entender determinada peça se conhecer todas as referências contidas ali – se você imaginar que o compositor x faz referência a y, que sua vez se refere a z, que por sua vez se refere a j, dá pra ter uma ideia da espiral de incompreensão que se forma em torno de uma reles peça. 

Por isso, Karkowski partiu para uma abordagem totalmente anti-intelectual, uma música que não precisa passar pelo racional para ser apreciada, que recupera o aspecto ritual (Karkowski chega a comparar sua música ao vodu) e transcendental. Tudo isso ele explica no manifesto The Method isScience, The Aim is Religion, e também em entrevistas e palestras, como esta aqui apresentada no Brasil:



 Falando nisso, o polonês é fã do país e vive aparecendo aqui para fazer shows dos quais todo mundo sai surdo (o cara é famoso por queimar PAs) e para curtir noitadas regadas a caipirinha. Aqui tem um vídeo de uma apresentação dele em Florianópolis:
ZBIGNIEW KARKOWSKI at UDESC/FLORIANOPOLIS/BRAZIL from Peter Gossweiler on Vimeo.

Além de ter ideias foda e fazer música igualmente fodida, o cara ainda é um dos criadores da SoundNET, uma engenhoca de 121 metros quadrados ativada por sensores que é, segundo Karkowski, o maior instrumento musical do mundo:


Quer mais? Então clique aqui é baixe o disco Uexkull, um dos primeiros lançados pelo artista – e que estava na playlist que eu preparei pro Kevin Drumm.



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