quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Clássicos do dia 7: Diamanda Galás - Masque of Red Death pt 2


Saint of the Pit, segundo disco da trilogia Masque of Red Death, foi lançado em 1988, e conta com a participação de FM Enheit, do Einstuerzende Neubauten, na percussão de algumas faixas (esqueci de dizer que em Divine Punishment é a própria Diamanda Galás quem executa todos os instrumentos).

O disco, que abre com a faixa instrumental La Trezième Revient, composta por camadas de órgãos, é menos satânico que o disco anterior. Dessa vez, Galás deixou os textos bíblicos de lado e musicou poemas de Baudelaire, Gerard Nerval e Tristan Corbière. Mesmo assim, tanto o clima geral das faixas quanto o conteúdo das letras continua pesado, com muitas referências a morte, castigo e sofrimento.

Novamente, Galás faz uma ponte entre duas épocas e duas realidades diversas, porém semelhantes, usando obras de poetas malditos do século 19 para ilustrar a condição dos portadores de HIV nos anos 80 do século 20. Para isso, segue a mesma linha de Divine Punishment: parte instrumental econômica porém agressiva e vocais absurdos, muitas vezes sobrepostos.

Em Saint of the Pit, ela explora tessituras mais graves, assim como técnicas típicas do canto lírico (por exemplo, sustentar uma mesma nota por muitos compassos com um certo vibrato). Aprofunda a investigação do canto de lamento com toques de Oriente Médio – que já havia iniciado em Deliver me from my enemies pt. IV, do disco anterior – na faixa Ezeaóyme, que mais para o fim se torna uma cacofonia de vozes. E, como sempre, trabalha com timbres considerados feios pelos ouvidos menos acostumados. Cris D’Aveugle, por exemplo, começa com gritos tão agudos que podem ser descritos como o equivalente vocal de unhas arranhando a parede.

Enfim: 100% expressividade, 0% concessão ao gosto médio do público, ao mercado, ao agradável. Como tudo o que Diamanda Galás faz.


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