sexta-feira, 13 de julho de 2012

440 Hz Anti-Especial: Por que não vou comemorar o Dia do Rock

Sejamos francos: tá difícil gostar de rock. Não porque "as bandas de hoje não tocam mais como o Deep Purple" ou outra frase nostálgico-reaça do tipo, mas porque o rock parece se tornar cada vez mais um ímã de gente classista, racista e misógina. Como bem colocou Bernardo Pacheco, guitarrista do Elma, em entrevista ao Intervalo Banger: "misto bizarro de preconceito de classe e surdez seletiva que alguns chamam de “rockismo” no Brasil".

Os mesmos argumentos usados pelos fanáticos religiosos que condenavam o rebolado de Elvis Presley nos anos 50, que quebraram LPs dos Beatles em público nos 60 ou que tentaram proibir o metal nos 80 são, em pleno 2012, repetidos à exaustão nas redes sociais para atacar gêneros como sertanejo, funk, pagode e axé - o fato de boa parte desses estilos musicais ter um pé na África e ser apreciado principalmente pelas classes C, D e E não é mera coincidência.

Fora a mania de ligar o gosto por tais gêneros à ignorância e a um atraso cultural, como se o rockão à lá AC/DC fosse o último bastião da intelectualidade. Em um dos gritos indignados em forma de montagem tosca de Photoshop, a letra de "Ai, se eu te pego" é comparada com a versão traduzida de "Civil War", do Guns'n'Roses (é, Guns'n'Roses...), tendo acima a pergunta "E você ainda pergunta porquê (é, junto e com acento circunflexo...) eu prefiro rock?".

É nessas horas que eu prefiro ouvir isso aqui:





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2 comentários:

Marcos Felipe disse...

Tava precisando ler isso hoje mesmo. Abri meu facebook e foi um festival de baboseiras postadas por minuto. Lamentável, de verdade.

Essa necessidade de afirmação que "os rockeiros" têm beira o ridículo. Pra exaltar um estilo é necessário depreciar outros, como se o rock fosse algo intocável, apenas para os seres evoluídos. Ah sim, porque pra ouvir You Shook Me All Night Long é necessário um cérebro super desenvolvido.

Raquel Setz disse...

Exato. O problema não é gostar de You shook me all night long (até aí eu tb gosto), é se achar inteligentão por isso.

Ainda se é moleque de 15 anos com esse tipo de discurso, ok, ele tá construindo a própria identidade e tal. Mas nêgo com 30 anos nas costas dar umas dessa não dá.