Um dos erros crássicos em relação a Branca é se referir a ele como "o cara que compõe umas peças loucas pra guitarra" - aliás, se algum dia você tiver a oportunidade de estar cara a cara com ele, corre um sério risco de levar um pescotapa caso solte uma dessas.
Sim, ele compõe umas peças loucas pra guitarra. E levando em conta algumas pessoas que passaram por sua ensemble, ele pode ser considerado o mentor de muita coisa revolucionária no rock guitarrístico. Mas seu universo estético não se limita às seis cordas, e ele já escreveu peças para cravos preparados e para orquestras sinfônicas. Em uma entrevista dada alguns anos atrás, Branca afirmou:
"Acredito que a orquestra sinfônica é o instrumento mais belo já concebido por qualquer cultura [...] Quando ouço uma ótima banda de rock, isso me faz sentir vivo, mas quando ouço uma ótima orquestra, isso me faz sentir humano".
Das suas obras para orquestra, duas foram registradas em disco: a
Sinfonia n. 7 (que foi gravada ao vivo e tem um dos áudios mais escrotos que já vi na vida) e a
Sinfonia n. 9 (L'eve Future), que também conta com um coral e ganhou um melhor tratamento fonográfico.
Enquanto as
obras para guitarra são no estilo porrada na orelha (efeito atingido pelo uso do clímax sustentado), as sinfonias para orquestra tem longas passagens calmas, de exploração de timbres. O primeiro movimento de
L'eve Future são 47 minutos de tranquilidade, de uma música que se desenvolve de maneira orgânica: uma ideia dando origem a outra ideia dando origem a outra ideia, em um esquema que poderia durar eternamente, não fosse a entrada brusca do segundo movimento, de caráter mais orgástico.
(infelizmente, não tem nenhum videozinho da peça...)
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